ESG

Açoes locais e impactos positivos reais

Renata Costa

Última atualização há um ano

“Uma empresa é mais do que uma unidade econômica geradora de riqueza. Ela atende às aspirações humanas e sociais como parte de um sistema social mais amplo. O desempenho deve ser medido não apenas pelo retorno aos acionistas, mas também pela forma como atinge seus objetivos ambientais, sociais e de boa governança”. Essa foi a frase de abertura do Fórum Econômico Mundial de 2020 que traçou diretrizes para empresas da nova economia com foco em valores associados a impactos positivos nas esferas sociais e ambientais.

Desde então, muito se ouve falar no mundo empresarial sobre ESG, que em tradução livre para o português seria Sustentabilidade Ambiental, Social e de Governança Corporativa. Em outras palavras, um novo termo para se tratar de responsabilidade social e sua linha tênue entre os 3Ps: “people, planet and profit”, só que agora associado a compliance. Todavia, o conceito ESG não é tão recente quanto parece. A sigla apareceu pela primeira vez em 2004, em um relatório da ONU que tinha por título “Who Cares Win”, ou seja, “ganha aquele que se importa”. O relatório era um guia de diretrizes para avaliar o desempenho da sustentabilidade corporativa principalmente voltado para o setor financeiro.

Hoje, o termo está presente em todas as pautas e iniciativas ESG tornam-se imperativas e estratégicas para as organizações de todos os setores, extrapolando os níveis de diretoria e passando a ser foco de todos os stakeholders, de funcionários a investidores. No Brasil, acionistas e investidores têm analisado os critérios ESG como modelo de gestão de riscos e oportunidades para negócios.

Diferente o que algumas empresas ainda pensam, estratégias de ESG ultrapassam a camada de compensações ambientais. Além de compromissos ambientais, os fatores de impacto social, econômico, de transparência e de ética devem estar alinhados para assegurar a sustentabilidade de um negócio a longo prazo. Resumindo, todos os pilares devem estar equilibrados e bem resistentes, para evitar que um dia "a casa caia". E é por essa razão que os índices de ESG hoje são vitais na hora de se analisar a competitividade e a perenidade de uma empresa.

São inúmeras as possibilidades de uma empresa implementar suas estratégias de ESG e, embora elas ainda pareçam complicadas, se a empresa de fato incorpora seus valores às suas práticas, elas não precisam ser assim tão complexas. Se pararmos para pensar - e descomplicar, há algumas ações simples que ao serem implementadas com propósito (por pequenas ou grandes empresas) geram impactos positivos enormes. Apoiar as comunidades pertencentes ao território onde sua empresa (matriz e/ou filiais) está implantada é uma delas.

Se bem direcionadas, estratégias inter-relacionadas de ESG podem ser uma poderosa ferramenta de marketing, ajudando a marca a se posicionar de maneira favorável aos olhos dos consumidores, investidores e reguladores. Ações de ESG que trazem impacto para a comunidade podem, inclusive, melhorar o envolvimento e a satisfação dos funcionários - medida chave que impulsiona a retenção. Iniciativas voltadas à comunidade local também podem atrair colaboradores em potencial que carregam valores pessoais que se assemelham aos da organização, além de, claro, tornar a marca reconhecida e valorizada naquela região.

Há várias formas de se trabalhar junto à comunidade, seja através de obras sociais, treinamento de mão de obra, voluntariado, filantropia, ações culturais ou ambientais. Mas, mais do que "doar" para a comunidade, sua empresa pode ser um AGENTE DE MUDANÇA e passar a participar do crescimento sustentável dessas comunidades (e nesse caso, leia-se o bairro, a cidade, o estado ou até a região em que seu negócio está instalado). Um exemplo eficiente é COMPRAR dessas comunidades.

Comprar localmente é uma prática sustentável, pois gera fortalecimento econômico local, contribui para geração de empregos, reduz a pobreza, diminui as emissões de carbono e impactos ambientais. Ou seja, gera visão e impactos econômicos e sociais positivos em toda a cadeia, colaborando para uma relação de confiança e admiração entre empresa x colaboradores x sociedade.

Essas ações podem ir além na rede de fornecedores locais acreditados para suprir a gestão de suprimentos operacionais. Pode alcançar inclusive os colaboradores e suas famílias. Quer exemplos?


Promover feiras e eventos com participação de pequenos empreendedores locais na sua empresa, ou em um ambiente preparado para tal atividade, de modo que seus colaboradores possam apreciar produtos locais, conhecer projetos sustentáveis e até se interessar por trabalhos voluntários promovidos pela comunidade. Uma ação simples, sem muitos custos envolvidos, que proporciona mais conexão, senso de valorização cultural e ambiental, além de fortalecer o senso de pertencimento à comunidade. E melhor, ainda proporciona mudança de hábitos de consumo e impulsiona a economia local.

Outro exemplo simples: na hora de comprar presentes e brindes para a equipe, parceiros e pessoas chave, optar por produtos locais de origem conhecida e embalagens mais sustentáveis é um ato de demonstrar na prática seus valores de responsabilidade social e de sustentabilidade. Imagine a satisfação de um colaborador receber de fim de ano uma "caixa reaproveitável com produtos especiais que beneficiam pequenos produtores, não gere descartes excedentes e que colabore diretamente com o comércio da região?! Ou a alegria e o valor reconhecido de um palestrante ao ser homenageado com um presente que conta histórias locais?!


Percebe-se, portanto, o quanto uma pequena ação é capaz de gerar resultados significativos para os 3 pilares da governança: meio ambiente, sociedade e economia. Isso demonstra que, independente do nicho ou do porte da empresa, um bom gestor pode torná-la sustentável em todas as esferas, pensando de forma global, mas agindo de forma local. Mais uma vez, se os valores da empresa são refletidos na sua política interna, não é necessário complicar, nem buscar lá fora o que se tem dentro de casa. Suas ações não precisam ser complexas para gerar impactos sociais e ambientais positivos, só precisam ser reais.


Quer promover uma expeiência diferenciada ao seu time, para que eles conheçam e provem o que a região tem de melhor? Quer conhecer produtores locais e suas histórias? Quer presentear com produtos que tem identidade regional e que apoiam comunidades locais? Vamos conversar! Temos vários formatos para promover ações dessa natureza na sua empresa.


Renata Costa de Almeida

Engenheira, especialista em gestão de projetos

Idealizadora e Curadora do Kassuá

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